sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sexta-feira 13




SEXTA-FEIRA, 13 DE NOVEMBRO DE 2009

          Querido Diário Secreto,

          Gostaria de poder transmitir meus pensamentos, meus sentimentos e minha dúvidas através de alguma coisa, por isso escrevo aqui.
          Como meu amigo de todas as horas acredito que me entenderia, ou melhor, não questionaria minhas idéias absurdas, meus medos, minhas dúvidas. Sem dúvidas é por isso que confio em você. Hoje terei que falar sobre coisas que jamais fui capaz de contar nesse blog. Coisas que me assustam e que me deixam com muito medo, completamente paranóica.
          Para começar, desde antes de nascer a família do meu pai amaldiçoou o casamento dos meus pais. Sim, é verdade, por mais que muitos não acreditem. Minha avó nem sequer foi ao casamento deles. A inveja, o desprezo, a infantilidade deles acabou se tornando tão grande que sobrou para mim. Eu, ainda na barriga da minha mãe, quase morri por causa da maldição deles pouco antes de nascer. O meu santo e meu anjo são fortes e me salvaram nessa vez.
           O tempo passou e isso piorou a ponto de acabar com o casamento dos meus pais e com a minha vida. Faziam de tudo para provar que não ligavam para mim. Me criei sozinha e me apoiei em poucos. Tive que dar conta sozinha de tantas coisas ruins que aconteciam com a gente. Parecia inexplicável tantas coisas ruins acontecendo ao mesmo tempo. Eu era nova, mas nem tanto. Apesar disso era muito confuso para mim e seria para qualquer um. Eu não acreditava em alguma coisa exatamente, apenas no criador, Deus. Me apeguei a Ele e a outras crenças. Não aguentei sozinha e tentei suicídio por 3 vezes. Nada aconteceu, ainda bem.
            Toda maldição um dia deve ser quebrada, e a nossa quebra aos poucos. Juntei os meus pais e saí sozinha da depressão. Minha mãe adoeceu e melhorou. Minhas avós morreram. Meu pai passou e passa tempos sem emprego. E eu? Ainda tenho me virado com toda a força que minha mãe, Yemanjá, me dá. Já escolhi o meu lado, o lado branco da força. Criei coragem pra enfrentar todos os males que podem me afetar e tenho me dado bem com isso. Mas eu não quero procurar conflitos. Meus pais, apesar de tudo, são ligados na minha família paterna. Prefiro me afastar. Sou antissocial e as vezes chego a ser autista quanto a família. Minha família para mim é Antônio, Maria Helena, Billy Joe e eu. O resto é resto. Segundo e terceiro planos da minha vida. Primeiro plano eu e meus pais, Billy.
            Sabe a influência que essa maldição tem sobre mim? Isso sim é cabuloso. Não posso ver, mas posso sentir, ouvir. Tenho pressentimentos ruins, impressão de ter visto ou ouvido algo, sentido presença de algo sempre. Era horrível no ínicio quando morava na mesma casa que a minha tia. Agora no apartamento as vezes é realmente pior. Fico sozinha com o Billy o dia inteiro, ele vê e eu não. Para onde posso correr? A quem posso recorrer? Quem será o meu porto seguro? Eu mesma, como sempre. Queria saber o que isso pode me causar no futuro. Hoje eu não sei bem se essas experiências me tornaram alguém melhor, pior, sei lá.
           Diário, querido! Ah! Tudo que eu espero é saber sempre o que fazer quando não me sinto segura. Tudo que eu quero é encontrar alguém que possa me passar segurança e possa estar ao meu lado, me entendendo. Confesso que cansei de procurar, pois não existe. Mas eu não quero chegar a certa idade e ter que me casar comigo mesma e fazer esterilização artificial. Se não fosse trágico, seria cômico.
           Sextas-feiras 13? Todos os dias da minha vida são sextas-feiras 13. Yin e Yang nunca estão estáveis. Mas fiz um pacto com a minha amiga invisível. Prometi a nós duas que iria aguentar tudo até o fim. Que venham as maldições, as profecias, o fim do mundo! Eis aqui alguém que não tem medo do mal, eis aqui uma guerreira de verdade! Eis alguém aqui que ainda tem esperanças de que um dia não será uma sexta-feira 13.
           
                                                                                                             Izabella.

Nenhum comentário:

Google