segunda-feira, 30 de abril de 2012

domingo, 22 de abril de 2012

Olhos iguais

Uma série de decisões bobas e um pouco da força do destino me fizeram conhecer uma cara. Compartilhamos ideias, bebidas, trocamos copos e tivemos longas conversas por um bom tempo. Apesar dele ser diferente demais, nos deparamos com muitas coisas parecidas. Sua loucura fez-se seu charme e me prendeu a atenção. Era uma companhia diferente de todas que eu tive anteriormente, era a diversão que eu precisava naquele momento.

Nossos lábios se encontraram. E mais que isso, se encaixaram perfeitamente num beijo inédito, como se ele soubesse exatamente o que eu queria e vice-versa. Um novo vício. Nem o cansaço, o desânimo ou a bipolaridade momentânea foram capazes de nos separar. Aquilo poderia, assim como durou, horas a fio sem sentir. Entre conversas e beijos, nos encontramos. "Onde você esteve todo esse tempo?" Uma pergunta que pulava na minha mente, mas que eu, por medo e precaução abafava com um estado de "modo-automático", mas que foi entonada por ele. 

Senti-me recíprocamente em completude. Encontrara a minha paz de espírito em um sorriso travesso, um olhar desafiador e em um beijo irresistível. A sinceridade dele me desconfortava por sempre desconfiar de todos que tentassem quebrar o meu coração. Seria verdade? Tão diferente e ao mesmo tempo tão igual. Ele é o meu ser hiperativo que mantenho trancafiado dentro de mim há muito tempo pra não ser infantil ou boba demais. Entretanto, ele era simplesmente adorável de ver. Suas travessuras eram como pretexo para eu não me largar dele por motivo algum.

Vimos a noite passar e a chegada do dia abraçados e dependentes do vício de nossos beijos.

Desobediente, bêbado, criança, homem, gato e irresistível. O coração não disparava, mas soltavam-se suspiros de mim. Continuei forte e fria como iceberg para não me deixar iludir por um momento que poderia nem sequer ser real. Mas acontecia e se repetia. O dia inteiro juntos não seria suficiente para matar as nossas carências repentinas de um do outro. Vi seu lado romântico em contrabalanço com a sinceridade e o medo. Conheci seus defeitos e relevei-os. Meu coração não suportou a pressão e se encantou. Meus olhos brilharam e não negaram o contrário do que dizia o meu coração: Estou encantada, mas isso é real? Devo me deixar levar por isso agora? Por ele?

Não me arrependia dos segundos passados ao lado dele sentindo o seu calor. Não me importava mais. O medo de que aquilo se acabasse dava nó na garganta e então optei por me calar. Preferi observá-lo, analisá-lo, tirar tudo que eu poderia aprender sobre ele e me surpreender cada vez mais. Rápido demais, intenso demais.

Quando se aproximou a hora de deixá-lo, parecia que a dúvida da certeza daquele momento pairava sobre nós dois. Ninguém queria se afastar e ao mesmo tempo eu sentia o medo de que não podia me deixar levar pelo encanto e sofrer mais tarde. Ele subiu na sua moto e eu entrei no automóvel. Fiquei olhando-o de longe e tentava pensar mil coisas e não pensava nada, apenas sorria. O carro arrancou e ele ultrapassou, olhou para mim como se dissesse um "Adeus" e foi. Fiquei com o coração na mão, acompanhando sua moto se afastar à minha frente pela estrada. Fechei os olhos e pedi que os anjos pudessem guiá-lo em segurança. 

Adormeci. Sono pesado devido à noite em claro. Quando acordei percebi que todo aquele momento já teria passado. Fora tudo aquilo real? A impressão era de que nada acontecera de verdade. Era um sonho bom. Mas o olhar que me foi lançado da viseira do capacete disse outra coisa. Não sei decifrar, ou pelo menos não me ouso tentar decifrar. Eu consigo ver muito através daqueles olhos iguais aos meus, mas tenho medo de descobrir o que ele diz. E ele é tão espontâneo que diria claramente, assim como fez o tempo todo comigo. 

Espero não estar enganada dessa vez ou precipitada.
Só estou encantada e sonhando, mas toda magia tem um fim ou se torna realidade.

Ele é especial.

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