segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um conto de outono...

Era um outono quente de Abril. Feriado de semana santa. Como sempre acontece, os mineiros aproveitaram o bom tempo do feriado e foram todos para Guarapari/ES. A praia estava lotada! O tempo estava fresco e agradável durante todo o dia. Sentia falta da brisa do mar. As lembranças da última vez que estivera lá não eram boas, por isso queria aproveitar o máximo e levar de volta para Belo Horizonte somente boas recordações. A viagem tinha sido muito estressante na ida e, apesar do cansaço, eu estava muito animada para aproveitar o máximo possível.
Enfim, sondei o que teria de bom na cidade para o final de semana e fiquei de olho para não perder nada. Meu dinheiro, como sempre, foi gasto em açaí e esportes radicais, mas eu estava a procura de algo melhor. Nada de boate, nada de luau, nada de roda de música... Só tinha carro de som tocando funk (u.u). O jeito era sair com os meus primos pequenos e procurar diversão infantil, que eu encontrei. 
Foi na sexta, que eu decidi que iria em um bar na outra praia para ouvir uma música ao vivo com o pessoal mais velho. Tudo pronto para ir e os meus primos me perguntaram se poderiam ir também. Relutei em dizer não, mas tive que conceder por mera educação. Na hora de ir eles ficaram indecisos e na indecisão deles eu deixei a galera mais velha ir na frente. Eles mudaram de ideia e eu, com muita raiva, corri então atrás do pessoal, mas não encontrei. A praia tava cheia demais para encontrá-los e eu já tinha perdido muito tempo. Caminhei até o final da orla da praia e não encontrei ninguém. 
Sozinha na praia lotada que para mim parecia deserta, chateada e muito pra baixo, voltei. No caminho encontrei um shopping com um cartaz de cinema na entrada. Fato é que o meu vício solitário é ir ao cinema. Naquele momento era a minha única opção. Escolhi Fúria Sobre Rodas com o Nicolas Cage, era a única sessão que dava para assisti. Passei em casa antes para avisar a minha solidão para a minha tia esperar um tempo até dar a hora da sessão. Na volta pro shopping comprei um açaí bem caprichado pra poder amenizar a tristeza de ter que ir ao cinema estando na praia. No caminho rezei baixinho para que Deus fizesse algo de bom acontecer, porque eu já estava cansada de sofrer e sempre ficar sozinha naquela praia. Coloquei fé naquela oração. No fundo eu pedia só uma companhia. 
Fui a primeira da fila a entrar na sala e, é claro, escolhi o melhor lugar no meio da última fila. Ainda esperando o filme começar, vi chegar um grupo de jovens que falavam muito. Todos resolveram sentar na mesma fileira que eu. Não coube todos, já que a maioria tinha ido de casal. Na verdade sobrou apenas um lugar do meu lado. Eu me senti meia culpada por ter que separar a turma, mas aquele lugar eu não iria abandonar, tinha chegado primeiro. 
Enquanto o filme não começava, eles não paravam de falar. Aquilo já estava começando a me incomodar e eu torcia pra que eles ficassem em silêncio quando o filme começasse. Acabou que eu passei a prestar atenção na conversa deles. Eram mineiros de Ponte Nova e era a primeira vez que a maioria ia no cinema. Alguns eram muito engraçados, eu estava me segurando para não rir deles. Se eu não fosse tão fechada, teria puxado assunto com eles. 
Não precisou. Um garoto que não pode sentar na fileira que eu estava começou a me fitar demoradamente. Enquanto fitava, cochichava algo de mim para uma amiga dele que estava com o namorado. Ela também olhou para mim sem a menor pretenção de ser discreta. Eu fiquei sem graça, claro. Ele falou algo de eu parecer ser brava, então eu ri. Ele ficou mais animado e continuou a falar de mim. Então tomei coragem e perguntei o que ele estava falando de mim. Foi então que tudo começou. Ele começou a perguntar coisas sobre mim e eu respondia, tímida. Ele parecia ter vergonha de ir sentar ao meu lado, temendo que eu não gostasse quando na verdade eu estava doida pra que ele fosse. Não dava para ver direito no escuro do cinema, mas ele parecia ser bonito e alto. Era muito engraçado, então era tudo que eu tava precisando naquele dia. 
Um tio deles sentou então ao meu lado na mesma hora que o filme começou. Todos pareciam dar força para o desconhecido que me cantava e expulsaram o pobre tio. Então ele tomou coragem para sentar ao meu lado. Eu tava tímida como nunca! E ele parecia estar tímido também, mas falava...muuuito! Perguntava sem parar. O filme nem era lá grandes coisas. O roteiro era péssimo, nem a atuação do Nicolas Cage tava salvando. Eu tava prestando mais atenção no cara bonito do meu lado do que no filme. 
O filme já estava quase no meio quando aquela ceninha clichê de mãos se encontrando no braço da poltrona aconteceu e nos beijamos. Foi mágico. Era química e física juntas. Eu pedia inconcientemente que aquele filme fosse tão longo como Senhor dos Anéis. Ele era muito gentil e romântico. Disse coisas lindas, coisas que eu tinha pensado, mas nunca iria dizer em um primeiro encontro. O filme não tinha sentido nenhum mais. Os beijos, os toques, as palavras, o calor dele... Tudo aquilo elevou o meu estado de espírito! Deus me ouviu. Quem me visse saberia que eu tava feliz como nunca. Encontrara uma das minhas almas gêmeas perdidas. 
O filme acabou e ele me puxou para fora do shopping. Estava cansado, então conversamos um pouco e ele decidiu me levar em casa. Lindo à luz do luar, cavalheiro, um homem tão encantador... Foi a paixonite mais rápida da minha vida! Até mesmo a minha mania de abraçar apertado e chamar de ursinho ele tinha! E ele era um ursão! *-* Era 1,80m de pura tentação! E eu, pequenininha e derretida por ele. Paramos no muro do lado de casa e ficamos abraçados conversando por muito tempo. Alguns primos me viram e pareciam não acreditar na cena. Parecíamos namorados, parecia que nos conhecíamos há muito tempo. Nenhum dos dois queria se soltar. Era tão mágico e mútuo... O meu medo de expressar sentimentos era decifrado por ele que dizia coisas lindas. Eu precisava ser forte para não cair na maior cilada da minha vida. 
Como estava ficando tarde, resolvi deixá-lo ir com a condição de nos encontrármos no dia seguinte. Ficou combinado o horário que ele iria me buscar e eu entrei para casa nas nuvens. Mal dormi naquela noite. E o dia seguinte, véspera de voltar para Belo Horizonte, meus pensamentos eram só nele. Tudo que eu queria era que o tempo passasse rápido para poder vê-lo à noite. Eu, que sempre atraso, decidi arrumar mais cedo pra tentar relaxar e acabar com um pouco da ansiedade vigiando a porta. Foi difícil escolher a roupa, o cabelo, o perfume. Eu estava revivendo os meus 15 anos... Todos na casa estavam curiosos para saber quem era o "Ponte Nova bonitão" da Izabella. Alberto... Beto... meu Beto... Eu faltava pouco suspirar por ele. Meus primos me pressionavam para saber o que eu iria fazer aquela noite e eu só dizia que iria sair com ele. Era melhor nem render assunto para não ter que levar toda a criançada comigo. 
O tempo passava, meu relógio parecia acelerar. Ele iria me buscar às 18h, mas já eram 18h30 e nada. Eu pensava que por ele ser quase como uma alma gêmea pra mim, certamente deveria ser de atrasar como eu. Então esperei por mais 30min. Eu não queria sair dali. Estava entrando em desespero. O dia todo esperando por ele que não aparecia. Aquele sentimento que quer te prender ali e esperar estava me sufocando. Então dei uma volta com os meus primos no quarteirão. Estava passando um jogo do Cruzeiro muito bom em um bar, então parei para ver e me distrair da frustração. Fiquei 15min e voltei para casa para esperar mais um pouco. 7h30 e nada. Meu coração despedaçou em mil pedaços. Eu imaginava a nossa noite juntos e agora só conseguia imaginar que tudo que era bom, dura pouco ou não existe. Era só ilusão. Eu queria beber, queria sumir, queria chorar escondida de raiva. Mas fui pro shopping com uns primos. Tomamos açaí e voltamos cedo para casa. 
Quando voltei, uma prima me contou que 10min depois que eu sai pro shopping com os meninos ele chegou lá para me buscar. Não sabia o que pensar e nem o que fazer. Era uma mistura de frustração com raiva e paixão destruída que sufocava mais uma vez. Não me contive, chorei. Chorei por não saber o que ele poderia estar pensando de mim e por não saber mais o que fazer, não sabia onde encontrá-lo. Na raiva perguntei a Deus porque me dera o que eu queria e tirou logo em seguida sem nem me dar tempo de aproveitar e porque teria que tirar naquele momento. Eu voltei ao meu estado depressivo. Passei a noite chorando e chorei quando acordei. O destino não poderia ter feito aquilo comigo. 
No dia seguinte eu andei a praia inteira procurando, procurando, sem saber exatamente onde poderia encontrar. Não era justo com a gente. Era tudo tão lindo e não tivemos possibilidade de criar alguma história para ver onde poderia ir. Implorei a Deus, fiz promessas, até pedi à Yemanjá que me levasse com as ondas até ele. Nada. Então desisti. Aproveitei o pouco tempo que me restava ali, naquele paraíso. Mais uma viagem que eu tinha que sofrer por amor. Repeti o feito de 2009 com outros personagens, outros motivos, outras situações, mas com o mesmo final: Eu voltando sozinha para a rotina solitária de Belo Horizonte sem o meu amor.



Final da história: Encotrei ele no orkut, mas o seu perfil já estava desativado há anos. Vasculhei entre amigos em comum e encontrei o irmão do Alberto. Pedi o número dele e passei uma mensagem. Até hoje não tive resposta. =/ 

Moral da história: Eu só me fodo nessa merda! T.T

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