sábado, 15 de janeiro de 2011

15 de Janeiro

Sentada, fico olhando as folhas das árvores. O vendo caótico vindo do norte parece fazer as copas dançarem em um ritmo descompassado. O céu, negro, parecia reclamar como se estivesse a ponto de brigar com a terra. É quando as primeiras gotas de chuva caem, solitárias e monótonas, como as lágrimas frias que displicentemente insistem em descer pelo meu rosto melancólico.

Eu continuo olhando, esperando, procurando. Sua imagem se confunde com os vultos que correm pelas ruas à procura de abrigo. Mas, onde está você? A dor e a saudade em meu coração me sufocam violentamente como um trovão. E a certeza arde ainda mais que a dúvida. Certeza de que, sem você, os meus dias serão sempre chuvosos e cinzas. Certeza de que, sem você, a chuva não deixará que os meus olhos cessem de chorar. Certeza de que, sem você, os dias serão sempre frios e vazios. E a única dúvida - dolorosa dúvida - de que, sem você, eu poderia viver.
 
Porém, ironicamente, a vida continua. Sei que do outro lado da rua há pessoas sorrindo. A escuridão está apenas aqui e a fonte da minha luz é você. Talvez, quando você chegar, a chuva passe, as minhas lágrimas sequem, as nuvens dissipem e eu volte a sorrir como as pessoas do outro lado da rua.

Então, não tarde a voltar. É o som dos teus passos que meu coração anseia em ouvir.  Eu continuarei aqui, sentada, olhando, esperando, procurando por você, até o dia em que você virá curar a dor do meu coração e prometer que nunca - nunca mais - haverá uma chuva de saudade em minha alma.

Izabella F. Costa



"(...) O que em nós outros Errantes do Sentimento flameja, arde e palpita, é esta ânsia infinita, esta sede santa e inquieta, que não cessa, de encontrarmos um dia uma alma que nos veja com simplicidade e clareza, que nos compreenda, que nos ame, que nos sinta.

É de encontrar essa alma assinalada pela qual viemos vindo de tão longe sonhando e andamos esperando há tanto tempo, procurando-a no Silêncio do mundo, cheios de febre e de cismas, para no seio dela cairmos frementes, alvoraçados, entusiastas, como no eterno seio da Luz imensa e boa que nos acolhe.

É esta bendita loucura de encontrar essa alma para desabafar ao largo da Vida com ela, para respirar livre e fortemente, de pulmões satisfeitos e límpidos, toda a onda viva de vibrações e de chamas do Sentimento que contivemos por tanto e tão longo tempo guardada na nossa alma, sem acharmos um outra alma irmã à qual pudéssemos comunicar absolutamente tudo. (...)"
Cruz e Souza


Dedico à pessoa por quem continuo esperando e procurando. Sei que um dia as feridas do passado serão esquecidas e poderei encontrar em você a alma irmã por quem estou predestinada e você possa encontrar em mim a mesma alma pela qual você procura em silêncio. Só assim poderemos atravessar para "o outro lado da rua", juntos, pela eternidade.

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