quinta-feira, 31 de maio de 2012

Sonho?


Então a pequenina finalmente foi conquistada. O seu coração machucado, mutilado, que foi congelado por anos para tentar proteger um pouco de sua estrutura frágil que restara, deixou-se, por fim, descongelar. Recebeu um calor transmitido através de um olhar estático, doce, romântico, misterioso. Exagero pensar que significou muito em tão pouco tempo.

A verdade é que a ficha não caiu. Parece um sonho, parece outra realidade e pudera ela acreditar que aconteceu e está acontecendo de verdade.

Ela pensa, lembra, viaja, imagina e suspira. É tão forte que chega a ficar ofegante, perde o fôlego. Se diverte no turbilhão de sensações. Sensações que há tanto tempo não sentia, que além de emocional se torna físico. Sorri, arrepia, sente calafrios, a adrenalina acelera os batimentos do seu coração que começa a curar as feridas do passado. A pequena se ilude nela mesma. Cala-se e retrai-se. A presença daquele olhar lhe inspira liberdade. Uma liberdade boba, transparente, leve como se ela tivesse asas ao seu lado. Seu toque transmite uma segurança capaz de fazê-la ir a qualquer lugar com ele. 

Sonha.

Belisca. 

Acorda e vê que é real.

E continua voando, não quer descer, não quer ver o final. 
É mágico. Não é inédito, mas é novo e peculiar. É curioso e forte. É bom e é viciante.

Como podem os beijos se encaixarem tão perfeitamente? Como podem os olhos serem tão iguais? Como pode o tempo nunca ser suficiente e a saudade sufocar tanto? 

Ela não quer pensar, só sentir. Deixar-se passiva quanto ao momento e não deixar a ficha cair. Ela foi domada, encantada, não liga mais. Doi tanto lutar contra uma entrega quase espontânea que é melhor se entregar.

Se entrega. Decide reaprender a sentir. Decide gostar de alguém. Mas não se trata de decisões, é sentimento. E por mais que ela tente fugir, desacelerar, ir com calma, é só estar com ele que o tempo voa, sua mente fica preenchida por um pequeno nome (Abner).

Ela não consegue deixá-lo ir. Ela não quer se distanciar. Não consegue ficar longe do seu corpo, sente falta do seu cheiro, está viciada nos seus beijos e precisa sentir o calor do seu abraço. O desejo transparece no brilho do olhar.

Viciada, entregue e apaixonada, a pequena introspectiva que quer manter sempre o controle de seus pensamentos, perdeu o controle do seu coração. Sua única defesa é lhe escrever em terceira pessoa, como se apenas observasse de longe, como se não fosse comigo, como se fosse um sonho. Um sonho tão bom que eu não quero mais acordar...

De: Izabella
Para: Abner

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